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Neste domingo comemora-se o Dia Internacional da Mulher! Os dias são significativos tanto pela história como pelo presente e futuro que nos anunciam. Dia 8 de Março é esse dia. Nesse mesmo dia, em 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte-americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como: redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho), e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.

Essa manifestação foi reprimida com violência: as mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano. No ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o "Dia Internacional da Mulher", em homenagem às mulheres que morreram na fábrica em 1857. E, em 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).

Porém, o objetivo atual desta data é para discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir, e quem sabe um dia terminar com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Ao olharmos a diversidade de situações injustas que ocorrem nos diversos continentes do planeta ficamos estarrecidos. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado.

No Brasil, o dia 24 de fevereiro de 1932 é um marco na história da mulher brasileira, pois foi nessa data que foi instituído o voto feminino. Sabe-se que esse era um questionamento da Princesa Isabel, que refletia: se a mulher pode ser governante do Império do Brasil, por que não poderia votar? Mas depois que veio a República, ainda demorou um pouco para esse direito ser conquistado. Elas conquistaram, depois de muitos anos de reivindicações e discussões, o direito de votar e ser eleitas para cargos no executivo e legislativo.

O Papa Francisco nos recorda que “a Igreja reconhece a indispensável contribuição da mulher na sociedade, com uma sensibilidade, uma intuição e certas capacidades peculiares, que habitualmente são mais próprias das mulheres que dos homens” (EG 103).

Cada vez mais notamos no Ocidente a presença da mulher na vida social para além do âmbito familiar, em que ela até agora se movia quase exclusivamente.

Parece-me oportuno não contrapor esses dois âmbitos. Tanto como na vida do homem, o lar e a família ocuparão sempre um lugar central na vida da mulher; é evidente que a dedicação aos afazeres familiares representa uma grande função humana e cristã. Isto, porém, não exclui a possibilidade de uma ocupação em outros trabalhos profissionais. E, nesse aspecto, a mulher tem exercido de maneira brilhante sua missão em todos os âmbitos da vida social, política e cultural.

De outra parte, também não se pode afirmar unilateralmente que a mulher só fora do lar alcança sua perfeição, como se o tempo dedicado à família fosse um tempo roubado ao desenvolvimento e à maturidade da sua personalidade. O devido equilíbrio entre esses âmbitos é essencial para toda pessoa humana. A maternidade traz consigo um valor insubstituível na missão da mulher que, junto com o esposo, tem uma importante missão de passar os valores aos filhos e construírem uma família que seja construtora da paz.

A mulher tem a grande missão de levar à família, à sociedade civil, à Igreja, algo de característico que lhe é próprio e que só ela pode dar: sua delicada ternura, sua generosidade incansável, seu amor pelo concreto, sua agudeza de engenho, sua capacidade de intuição, sua piedade profunda e simples, sua tenacidade. Tem características próprias para contribuir para a sociedade. A feminilidade faz parte de sua natureza.

Para cumprir essa missão, a mulher precisa desenvolver sua própria personalidade, valorizando os valores que traz consigo. Se se forma bem, com autonomia pessoal, com autenticidade, realizará eficazmente o seu trabalho, a missão para a qual se sente chamada, seja qual for sua vida e trabalho. Serão realmente construtivos e fecundos, cheios de sentido, quer passe o dia dedicada ao lar, quer se entregue plenamente a outras tarefas, ou mesmo se renunciou ao casamento por alguma razão nobre. Cada uma em seu próprio caminho, sendo fiel à vocação humana e divina, pode realizar, e realizar de fato, a plenitude da personalidade feminina.

Nestes tempos tão controversos, tanto longe como perto de nós, poder valorizar a missão e a vida da mulher no mundo de hoje, filha de Deus, salva em Cristo Jesus, nos faz lutar para que cada vez mais vivamos em um mundo de irmãos que se respeitem uns aos outros.

Não nos esqueçamos de que Santa Maria, Mãe de Deus e Mãe dos homens, é não apenas modelo, mas também prova do valor transcendente que pode alcançar uma vida aberta à ação do Espírito Santo. Lembremo-nos de duas mulheres marcantes desses últimos tempos e que influenciaram a sociedade com seus testemunhos: Santa Madre Teresa de Calcutá e a Beata Irmã Dulce dos Pobres. Recordemos também a dedicação da Serva de Deus Zilda Arns, que tanto lutou pela saúde das crianças e contribuiu para diminuir a mortalidade infantil.

É o toque feminino que nos conduz aos caminhos da santidade e do exercício inarredável da missão da mulher de grande catequista e educadora da fé das nossas famílias.

Parabéns, mulheres, pelo seu dia, e que a Virgem Maria sempre as inspire!

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ





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