(«Deles é o Reino do Céu»)
«Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.»
Enquanto tudo corre à medida dos seus desejos, não se consegue saber
quanta paciência e humildade tem um servo de Deus. Venham porém os tempos
em que aqueles que lhe deviam respeitar a vontade a contrariam; a
paciência será a que efectivamente tiver, e nada mais.
«Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu.» Há
muitos que se entregam a longas orações e ofícios, e infligem ao corpo
frequentes mortificações e abstinências. Mas por palavra que lhes
pareça afronta ou injustiça, ou por coisa mais insignificante que lhes
seja tirada, logo se indignam e perdem a paz da alma. Estes não são os
verdadeiros pobres em espírito; o verdadeiro pobre em espírito é o que
renuncia a si mesmo e não quer mal a quem lhe bate no rosto (Mc 8,34; Mt
5,39).
«Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.»
Verdadeiros pacificadores são os que, apesar de todo o sofrimento por que
hão-de passar por amor a nosso Senhor Jesus Cristo, conservam a alma e o
corpo em paz.
«Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.» Têm
verdadeiramente o coração puro os que desprezam os bens da Terra, os que
procuram os do Céu e, purificados assim de quaisquer amarras da alma e do
coração, adoram e contemplam incessante e unicamente o Senhor Deus, vivo
e verdadeiro.
São Francisco de Assis (1182-1226), fundador da Ordem dos Frades Menores
Admonições, §§13-17
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