Qual a importância da apologética?
Qual a importância da apologética?
A apologética sempre foi importante em todos os tempos, e hoje também, especialmente pelo surgimento de inúmeras seitas e religiões que arrastam muitas pessoas
Apologética é uma palavra que vem do grego, significa “defesa verbal”; é a defesa teológica de uma certa religião, no sentido de demonstrar a verdade da própria doutrina, defendendo-a de teses contrárias. Normalmente quando se fala de apologética, trata-se da defesa fundamentada da religião cristã. Ela está para a Teologia como a Filosofia está para as Ciências Humanas. Procura mostrar que a fé católica pode ser aceita e vivida pelos argumentos da razão. Esta parte da apologética recebeu o nome de escolástica e foi muito desenvolvida na Idade Média alta.
A apologética desenvolveu-se, sobretudo no Cristianismo. Ela faz uso dos conceitos teológicos, usando também os conhecimentos das línguas antigas, da moral, da história, e também das descobertas da arqueologia, paleontologia e das ciências modernas.
A apologética cristã não é um conjunto de regras fixas e impessoais, mas a explanação das verdades da fé, reveladas por Deus sob a direção do Espírito Santo.
Podemos dizer que São Paulo foi um dos primeiros apologetas da Igreja ao defender o cristianismo; inicialmente diante dos judeus que o perseguiam em suas viagens apostólica pela região da Turquia de hoje. Mas também São Paulo foi um grande defensor da fé cristã junto aos pagãos, não judeus, nessas mesmas viagens, especialmente em Atenas e Corinto na Grécia, na Macedônia e em Roma. A teologia católica é baseada fundamentalmente nos quatro Evangelhos e nas 13 Cartas de São Paulo, além das outras Cartas do Novo Testamento, usando também o Antigo Testamento.
Diante das perseguições dos imperadores romanos, durante 250 anos, desde Nero (ano 64), até Diocleciano (306), os primeiros papas da Igreja e os primeiros escritores cristãos, escreviam livros em defesa da fé católica. Eram as “apologéticas” que os mártires como Santo Inácio de Antioquia (†107), São Justino (†156), São Policarpo de Esmirna (†155), Santo Irineu de Lião (†200), além de outros como Aristides de Atenas (†130), Tertuliano (†220), escreviam para os imperadores romanos. Eusébio de Cesareia (†340), Santo Atanásio (†373), Santo Hilário de Poitiers (†367), São Basílio Magno (†369) e muitos outros Padres da Igreja, da era chamada Patrística, defenderam a fé cristã.
Nos séculos seguintes foram grande apologetas os doutores: Santo Agostino (†430), São Jerônimo (†420), São João Crisóstomo (†407), São João Cassiano (†407), São Leão Magno (†460), São Pedro Crisólogo (†450) e outros.
Os Padres da Igreja, os gigantes da fé católica, que defenderam a Igreja contra as inúmeras heresias dos primeiro séculos, desenvolveram profundamente a apologética na defesa sistematizada da fé cristã, sua origem, credibilidade, autenticidade e superioridade em relação às demais religiões e cosmovisões.
Na Patrística, chamam-se apologetas alguns Padres da Igreja que, sobretudo nos séculos II-V se dedicaram a escrever apologias ao Cristianismo, usando inclusive a filosofia grega de Platão, Aristóteles e outros filósofos gregos, que se mostraram compatíveis com a revelação cristã. Enfrentavam com coragem e lucidez os filósofos romanos e gregos, pagãos, como o romano Celso, que criticava severamente o Cristianismo.
O apologeta cristão defende também a moral de Cristo, e argumenta que, sem valores absolutos, não há razão para lutar por melhorias na sociedade, ou para condenar os atos de barbaridade. Mas somente a lei de Deus é perene e não pode ser mudada ao saber das épocas, das ideologias e dos interesses das pessoas. E essa constância mostra a sua divindade. Somente Aquele que é perfeito pode nos dar uma lei perfeita.
Sem dúvida foi pelo trabalho incansável e corajoso desses apologetas, que o império romano se tornou cristão a partir do ano 385 com o imperador Teodósio, o Grande. Algumas imperatrizes gostavam de ouvir esses grandes apologetas. Santa Helena, mãe do imperador Constantino, se tornou cristã, e seu filho também em 313, proibindo a partir dai a perseguição aos cristãos. O cristianismo entrou nos palácios dos imperadores por meio desses apologetas.
O objetivo dos escritos aos imperadores romanos, era de convencê-los do direito de existência legal dos cristãos dentro do Império Romano, o que era proibido. Os textos apologéticos desses grandes Padres da Igreja foram a base para o entendimento dos dogmas teológicos e dos conceitos fundamentais usados em teologia. Dessas apologias surgiu, por exemplo, o Credo Niceno-constantinopolitano, fruto dos Concílios universais de Nicéia (325) e de Constantinopla I (381), que confirmaram a divindade de Cristo e do Espírito Santo, tendo em vista as heresias de Ário e de Nestório. E muitas heresias foram debeladas nos Concílios universais de Constantinopla, Calcedônia, Éfeso, etc.
Esses Padres mostravam, usando a filosofia, que o cristianismo é a religião mais coerente com o raciocínio correto. Analisa e explica a existência de Deus, o sentido da vida, a origem do universo, das coisas e da vida humana, o sentido do sofrimento, a dignidade de pessoa, inclusive do escravo e da criança não nascida, mostrando que a doutrina bíblica é um sistema coerente. Mostra que tudo o que começa a existir deve ter uma causa. O Universo começou a existir. Logo, o Universo tem uma causa e um Criador.
Em todas as épocas podemos dizer que a Igreja teve grandes apologetas, porque sempre surgiram heresias e religiões combatendo a fé católica. Então, vamos encontrar na idade média os grandes defensores da fé católica, os grandes doutores da Igreja, como São Tomás de Aquino, Santo Anselmo, São Bernardo, São Domingos de Gusmão, Santo Alberto Magno, São Boaventura, etc.
No inicio da Idade Moderna (século 15), vamos encontrar os grande doutores da Igreja, defensores da fé católica contra os erros da Reforma protestante e outros erros: São Francisco de Sales, São Carlos Borromeu, São Pedro Canísio, Santa Teresa de Ávila, São João da Cruz, São João de Ávila, etc.
A apologética sempre foi importante em todos os tempos, e hoje também, especialmente pelo surgimento de inúmeras seitas e religiões que arrastam muitas pessoas que não chegam a pedir as “credenciais” dos seus fundadores e das suas doutrinas. A maioria delas conquistam seus adeptos por métodos sentimentalistas e assistências, sem fundamentação teológica convincente.
Não é objetivo e nem método da apologética atacar as outras religiões não católica, e nem mesmo discriminar as pessoas em crenças diversas, mas apenas apresentar os fortes argumentos da Revelação divina e da razão, em defesa da fé católica. Trata-se de convencer pela argumentação e não pela imposição de uma fé.
Artigo do Prof. Felipe Aquino enviado via e-mail boletim informativo
Comentários
Postar um comentário